A identidade é um mecanismo de elaboração intrapsíquica em que a essência de um objecto completamente diferenciado é criada -recriada no interior do próprio a imagem e semelhança daquele, sendo portanto assim que se organiza o ideal do Eu/Supereu pós-edipiano, herdeiro do complexo de Édipo.
Margaret Mahler (1968) designa-o como um processo ou como resultado dum processo finalizado na infância. A identidade seria assim já visível no fim da fase da separação-individualização, quando se organiza uma representação estável do próprio (Self).
A diferença de uma pessoa para outra não reside no corpo ou no somatório orgânico visível . Reside muito mais no sentimento íntimo de possuir uma capacidade pessoal de funcionar de uma determinada maneira, de
ocupar um certo espaço individualizado, de realizar determinados atributos diferenciais, de ter uma auto - imagem; reside na ideia que a pessoa tem de si, do seu próprio corpo, da sua totalidade.
Assim sendo, prefiro falar de psicossexualidade, ou seja, da sua representação mental interiormente instituída, dentro de cada um, pessoal, a seu modo.
Desde os trabalhos de Erik Erickson, sabemos que a aquisição de uma identidade, social ou psicológica, é um processo extremamente complexo, que comporta uma relação positiva de inclusão e uma relação negativa de exclusão. Define-se por semelhanças com uns e por diferenças com outros. O sentimento de identidade sexual obedece, também ele, a estes processos e é ao longo das sessões de psicoterapia na nova relação dinâmica entre o psicoterapeuta e o paciente que se vai reformulando todo o percurso percorrido até ao momento em que cada sessão acontece. Auxiliado pela intervenção interpretativa do psicoterapeuta, o paciente vai recriando a sua identidade, reconciliando -se com os acontecimentos traumáticos do seu passado, presente e futuro, o qual vai projectando, experimentando, exponenciando e descobrindo-se a si próprio, com vista à plenitude do simples facto de se sentir bem consigo e com os que o rodeiam, aprendendo a perdoar-se, a ajudar-se e a auxiliar-se no caminho do seu próprio bem-estar, sem m á goas nem ressentimentos, mas compreendendo-se a si e aos outros num processo interminável de paz consigo e com o mundo.